FRANCISCO FERRAZ DE MACEDO Filho de um alfaiate, nasceu em Paradela, Espinhel, a 11 de Outubro de 1845 e faleceu em Lisboa a 18 ou 28 de Janeiro de 1907. Emigrado para o Brasil acompanhando os pais em 1853, ali iniciou a aprendizagem do ofício paterno e, estudando à noite, ingressou no Ensino Secundário e em 1863, feitos os preparatórios num curso “relâmpago”, matriculou-se na Escola de Farmácia do Rio de Janeiro. Em 1864, com a morte do pai, passa por algumas dificuldades, mas com grandes sacrifícios, lecionando e prestando serviços em laboratórios e farmácias, três anos volvidos, consegue matricular-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Terminado curso de medicina, em 1872, abre consultório médico naquela cidade brasileira, mas cedo abandona o exercício clínico para se dedicar à investigação. Regressado a Portugal, por volta de 1881, fixa residência em Lisboa, dedicando-se entusiasticamente à Antropologia, requerendo, para o efeito, à Câmara Municipal de Lisboa a concessão dos esqueletos exumados das sepulturas rasas, não reclamados. Desta forma, reúne valiosíssima coleção de cerca de 1200 cabeças e 150 esqueletos, devidamente identificados quanto ao género, coleção que ofereceu ao Museu da Escola Politécnica, hoje Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. De entre os seus trabalhos merece especial referência o apresentado no Congresso Internacional de Bruxelas, em 1892, através do qual prova que a forma do crânio (dolicocéfalo ou braquicéfalo) nada tem a ver com o desenvolvimento ou evolução intelectual das raças, destruindo, dessa forma, a ideia de que os dolicocéfalos (crânio alongado) eram intelectualmente inferiores aos braquicéfalos (crânio arredondado). Homem de vasta cultura, falava e escrevia com facilidade francês, inglês, italiano, grego e russo. A sua preocupação com o elevado analfabetismo do povo levou-o à invenção de um Método Luso de ensino da leitura aos portugueses. Em termos jornalísticos foi diretor do semanário “Mala da Europa” e colaborou assiduamente na publicação “Galeria de Criminosos Célebres - História da Criminologia Contemporânea”, de que foi diretor científico. Apesar de ter vivido com algum desafogo, morreu arruinado de dinheiro e saúde. A última fase da sua vida foi penosa, tendo-lhe valido a influência de um amigo, que lhe permitiu desempenhar o cargo de diretor dos Serviços Antropométricos e Fotográficos do Juízo de Instrução Criminal. A sua produção literária, vasta e diversificada, abarcou, para além do campo científico, a poesia e a tradução de diversas obras clássicas, em línguas grega e russa. OBRAS PUBLICADAS “Sonetos satíricos, epigramáticos, filosóficos e descritivos” “Quadros Antropométricos” “Crime e criminoso – ensaio sintético de observações anatómicas, patológicas e físicas de delinquentes vivos e mortos, de acordo com o método e os procedimentos antropológicos mais rigorosos” “Do encéfalo humano com e sem comissura cinzenta – ensaio sintético de observações anatomo-físicas post morten e a sua relação com a criminalidade” “Notas sobre algumas anomalias cranianas” “Tese inaugural de doutor em medicina” Faculdade do Rio de Janeiro “Da Prostituição em geral, e em particular em relação à cidade do Rio de Janeiro, profilaxia da syphilis” “Murros e abraços, poesias satíricas, epigramáticas, líricas e filosóficas” “A jurisprudência criminal e a antropologia jurídica” “Mapa sintético, físico-intelecto-moral, dos habitantes das nações percorridas por Francisco Ferraz de Macedo, de 1874 a 1877” “Breves considerações sobre as cláusulas e condições da Associação Montepio Agrícola, Rio de Janeiro” “Desabafo patriótico e o tricentenário de Camões” “O homem quaternário e as civilizações pré-históricas da América” “Vários ensinamentos e método cientifico natural” “Historia da mordedura de um cão” “Etnografia brasílica; esboço critico sobre a Pré-história do Brasil e autoctonia poligenista, baseado nas recentes descobertas arqueológicas da América” “Tabela dos graus de complicação e consolidação da sutura sagital, em 1000 crânios portugueses contemporâneos”, in Dictionnaire des Sciences Anthropologiques “Tabela das suturas cranianas” “Tabela da capacidade craniana, em três categorias de indivíduos portugueses contemporâneos” “Lusitanos e Romanos em Vila Franca de Xira. Investigação geológica, arqueológica e antropológica de objetos antigos e de história natural humana” “Elementos elucidativos sobre a relação dos índices cefálicos e da estatura com a capacidade craniana” “Quadros antropológicos - antiguidades monumentais do Algarve” “Bosquejos de Antropologia criminal” trigonisotomia Autor responsável pela maioria dos textos científicos, elencos para investigações criminológicas, publicados na obra em 7 volumes “Galeria de criminosos célebres – História da criminologia contemporânea, 1896-1908” Voltar!